A maior parte das violências que atravessam pessoas LGBTQIAPN+ não aparece em manchetes. Elas acontecem nos detalhes: na consulta em que o nome é questionado, no prontuário que desrespeita a identidade, na piada que “não foi por mal”, no silêncio do profissional que não sabe como acolher e, por isso, se afasta. É assim que a violência simbólica opera, silenciosa, cotidiana, repetida. Ela não deixa hematoma, mas molda a forma como alguém passa a existir no mundo.
Na saúde, esse tipo de violência cria barreiras concretas: impede diagnósticos precisos, afasta pessoas dos cuidados básicos, aprofunda adoecimentos que poderiam ter sido evitados. E quando o cuidado não reconhece quem você é, o que se perde não é apenas um atendimento, é o próprio senso de pertencimento.
A Pride Care nasce exatamente nessa dobra entre saúde, política e subjetividade. Nasce do entendimento de que cuidar da comunidade LGBTQIAPN+ exige mais do que oferecer profissionais: exige construir ambientes onde nossos corpos e narrativas não precisem se defender o tempo todo. Ambientes onde cuidado não seja uma concessão, mas um direito afirmado.
Existimos porque ninguém merece se tratar em espaços que negam sua existência. Existimos porque saúde é inseparável de dignidade, reconhecimento e segurança. E existimos porque, quando pertencemos, podemos finalmente respirar, e cuidar se torna possível.
