Cuidado afirmativo não é um “extra” ou um diferencial simpático na prática de saúde. É uma postura ética que reconhece que pessoas LGBTQIAPN+ vivem atravessamentos específicos, e que esses atravessamentos impactam diretamente a forma como adoecem, como buscam ajuda e como confiam (ou deixam de confiar) em quem cuida.
Um cuidado afirmativo começa no básico: respeitar nome, pronome, identidade, história. Mas não termina aí. Ele exige preparo técnico, escuta qualificada, crítica às próprias crenças e abertura para compreender experiências que foram historicamente silenciadas. É um cuidado que não patologiza, não moraliza, não trata nossos corpos e afetos como desvios.
Isso importa porque, para muita gente da nossa comunidade, a saúde sempre foi um território de vigilância, julgamento e correção. Consultórios que deveriam acolher se tornaram espaços de constrangimento. Profissionais que deveriam orientar passaram a impor normas. E essa ferida coletiva faz com que tantas pessoas evitem pedir ajuda até quando o sofrimento já transbordou.
Um cuidado afirmativo faz o contrário: devolve dignidade. Ele rompe com a lógica de que somos “casos difíceis” ou “questões delicadas”. Afirma que nossas vidas são legítimas, que nossos corpos não precisam se justificar, que saúde é um direito, e que esse direito precisa ser exercido sem medo.
A Pride Care existe para fortalecer exatamente esse tipo de cuidado. Para criar pontes entre quem precisa e quem está preparado. Para que, no encontro entre profissional e paciente, a primeira sensação não seja defesa, mas alívio. Não seja vigilância, mas presença. Não seja sobrevivência, mas cuidado de fato.
