Quando pensamos em violência, quase sempre imaginamos algo explícito, visível, gritante. Mas a violência estética, aquela que decide como um corpo “deveria” ser para ser aceito, opera de forma muito mais silenciosa. Ela nos atravessa na comparação diária, nas imagens que aprendemos a desejar, nos filtros que afinam rostos, nos comentários que moldam comportamento. Essa estética não machuca só a aparência: ela reorganiza subjetividades.
Na nossa roda de conversa no SESC, ficou nítido como esses padrões ainda determinam quem pode existir plenamente e quem passa a vida tentando caber. Falamos sobre a sensação de inadequação constante, sobre corpos “impossíveis” construídos como referência, e sobre como isso afeta não só a autoestima, mas também saúde mental, vínculos e relações sociais. Quando o corpo é vigiado, todo o resto se torna vigilância.
Inspirados por autoras como Naomi Wolf e sua crítica à mitologia da beleza, discutimos como esses ideais não são neutros: são ferramentas de controle. E vimos na prática, nos relatos, nas trocas divididas, que escapar desse ciclo não é um gesto individual, mas coletivo. É preciso criar espaços onde o corpo possa existir sem justificativa, sem correção, sem culpa.
A experiência no SESC reafirmou algo que carregamos na Pride Care: cuidado também é criar ambientes onde outros imaginários corporais possam nascer. Onde possamos experimentar novas formas de olhar para nós e para o outro. Onde a autonomia não seja sequestrada por expectativas inalcançáveis.
Se quiser sentir um pouco dessa energia e entender como foi a atividade, preparamos um registro no Instagram:
👉 Link do Reels do evento no SESC
Porque falar de corpo é falar de política. E falar de política, quando envolve nossos corpos, é sempre falar de cuidado.
