Quando falamos em práticas antiopressivas na saúde, não estamos falando de uma técnica isolada ou de um protocolo fechado. Estamos falando de uma postura ética que reconhece que a saúde não acontece em terreno neutro: ela é atravessada por raça, gênero, sexualidade, classe, território, corporalidade e tantas outras dimensões que moldam quem tem acesso ao cuidado, e quem fica à margem dele.
Práticas antiopressivas são, antes de tudo, um compromisso.
Um compromisso de não reproduzir violências estruturais dentro do consultório.
Um compromisso de questionar normas que adoecem mais do que acolhem.
E um compromisso de escutar sem submeter a pessoa a explicações humilhantes sobre sua própria existência.
Na prática, uma postura antiopressiva aparece em gestos concretos:
- respeitar nome, pronome e identidade de gênero
- evitar suposições sobre corpo, sexualidade e relacionamentos
- compreender que experiências de opressão impactam saúde mental e física
- ajustar linguagem, condutas e materiais para que sejam inclusivos
- reconhecer limites e buscar formação continuada
- não tratar diferenças como desvio, risco ou “tema delicado”
É um cuidado que recusa a lógica de que o profissional é neutro e o paciente é o problema. Pelo contrário: entende que o mundo é desigual, e que o consultório deve ser um lugar onde essa desigualdade não se repete.
Para a comunidade LGBTQIAPN+, práticas antiopressivas significam poder entrar em um espaço de saúde sem precisar vestir uma armadura. Significam poder respirar, ser reconhecide e receber cuidado sem desconfiança. Significam, enfim, não precisar escolher entre se cuidar e se proteger.
Na Pride Care, esses princípios não são extras, são base. Eles orientam desde a escolha de profissionais até o modo como construímos nossas experiências de cuidado. Porque saúde, para nós, só faz sentido quando é possível existir por inteiro dentro dela.
